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Dias is That Damn Good #194 – "Let's Go Cena ou Cena Sucks"

Boas Pessoal!



Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)

John Cena está no topo há 10 anos e desde então que se assume como o único grande drawer de todo o business, de toda a indústria. Ninguém como ele consegue vender tanto merchandising, encher arenas e obter ratings elevados. Cena é indiscutivelmente o primeiro nome da modalidade e o lutador/personalidade, no que concerne ao mundo do pro wrestling, que mais buzz, paixões e ódios suscita...

No entanto, porque não há ninguém inimputável, porque é impossível agradar a todos, porque 10 anos no topo desgastam a imagem de qualquer um e porque as preferências e subjectividades têm um real efeito no pro wrestling, entre outras causas e razões, coloca-se muitas vezes a questão da justiça das metas que John Cena conseguiu alcançar e dos records que atingiu. Neste sentido, aquilo que escolhi abordar como tema central do texto que agora vos escrevo recai, precisamente, nesta questão...será John Cena "overrated" ou merece tudo quanto conquistou e realizou ao longo da sua carreia?! "Let's Go Cena" ou "Cena Sucks"?!

Não percam, portanto, as próximas linhas...



John Cena fez o seu debut no roster principal da WWE no Verão de 2002, quando o período pós-Monday Night Wars se tinha iniciado há pouco mais de um ano. Por essa razão, o clima e ambiente em redor da modalidade era, ainda, de uma enorme efervescência e de grande entusiasmo, tendo esse contexto beneficiado e facilitado, muito provavelmente, a sua consolidação e afirmação enquanto pro wrestler. Por outro lado, recordo que há época eram inúmeras as estrelas de topo na companhia de Vince McMahon (Steve Austin, The Rock, Triple H, Kurt Angle, Undertaker, Shawn Michaels, Chris Jericho, entre muitos outros) e essa situação revelava-se, claramente, numa condicionante e/ou barreira no que respeita ao aparecimento de novos talentos e estrelas. Em todo o caso, a verdade é que a WWE nunca desistiu de tentar criar novas caras e superstars e Cena aproveitou a oportunidade que lhe foi dada como poucos. Neste sentido, se de início se estreou com um gimmick diferente do habitual (rapper) contra Kurt Angle e mais tarde, já como heel, foi conquistando o seu espaço, a verdade é que apenas quando adaptou o seu personagem a um estilo "american hero", muito semelhante ao desempenhado por Hulk Hogan nos anos 80 mas mais moderno, conseguiu prender realmente os fãs e fazer ver à WWE o potencial que nele residia. A sua posterior confirmação como maior nome do business e grande cara da WWE (seu top drawer) aconteceu como consequencia da credibilidade e qualidade das diversas rivalidades e combates que travou primeiro com JBL, depois com Eric Bischoff, Chris Jericho e Kurt Angle, seguidamente com Triple H e Edge, depois Shawn Michaels, Batista e Randy Orton...e, mais recentemente, CM Punk, The Rock e Daniel Bryan.

O "Superman", como muitos lhe chamam, rivalizou com todos os grandes nomes da indústria e venceu-os, tendo ao longo do seu percurso desenvolvido bastante as suas ring-skills e aperfeiçoado as já excelentes mic-skills. Por outro lado, o booking de que foi alvo serviu, também, de forma complementar e fundamental à sua afirmação. O facto de ter sido sempre "construído" como alguém que nunca desiste, um tipo que no fim consegue sempre sair por cima, aquele que dá a volta às situações mais adversas imagináveis e que, ainda assim, se rege por códigos de conduta e valores morais dos mais elevados, transformaram-o, tal como havia acontecido com Hogan, no grande exemplo e na imagem modelo que a sociedade norte-americana (com maior ou menor hipocrisia) adora relevar e idolatrar. Consequentemente, por se tratar de alguém extremamente carismático, não é de estranhar que o seu personagem conseguisse cativar milhões de pessoas. Dessa forma, compreende-se que Cena tenha conseguido alcançar junto das plateias, dos telespectadores e dos fãs da modalidade uma aura e idolatração como muito poucos o conseguiram. Por outro prisma, verificamos, também, que o John sempre se comportou como o trabalhador que qualquer patrão gostaria de ter ao seu serviço, nunca levantando "grandes ondas", sendo sempre o primeiro a dar o exemplo e a estar disponível para participar de todo o tipo de eventos que a WWE lhe exigia. Ora, esta situação obviamente gera na administração da companhia uma enorme segurança e confiança no trabalho de Cena, confiança essa que permite à promotora apostar sem quaisquer reservas quase todas as suas fichas naquele que, de há 10 anos para cá, se constituiu no seu único e incontornável grande "cavalo".



Contudo, e porque uma moeda terá sempre duas faces, o desgaste a que a imagem de John foi submetida ao longo dos anos e a imutabilidade e/ou completa estagnação do seu gimmick e personagem, têm provocado, cada vez com mais e maior repercussões, enormes danos à posição que ele ocupa na WWE e, sobretudo, ao modo como os fãs o olham. No mesmo sentido, podemos dizer que Cena tem um mov set bastante curto, que vende mal algumas lesões e que os seus come backs retiram algum credibilidade aos seus adversários. No entanto, a este respeito, devemos perguntar-nos sempre de quem é a responsabilidade, se de Cena, se do booking. Da mesma forma que, quando nos sentimos aborrecidos ou irritados pelas situações repetitivas e enfadonhas que o envolvem, devemos questionar-nos se elas são responsabilidade dele ou do booking a que está sujeito. A verdade é que Cena desempenha um papel fundamental na WWE e enquanto ele for o único a conseguir os maiores números em vendas e ratings, a empresa irá continuar a explorá-lo exaustivamente. Podemos questionar-nos se esse é o caminho mais correcto a seguir, mas devemos fazer um esforço por compreender que, infelizmente, a companhia não tem conseguido criar novos talentos à sua altura e que, por essa razão, não se pode arriscar a perder a sua maior fonte de atracção e rendimentos. Por consequência, como julgo ser perceptível, John surge como uma "vítima" desta situação. Como "vítima" de um contexto muito injusto para si e tudo quanto dá e já deu à modalidade e aos próprios fãs.

Não estou a dizer tudo isto por ser um fã de Cena, porque não o sou. Tal como nunca fui fã de Steve Austin ou de The Rock (as minhas preferências sempre se centraram em bad guys como os membros dos Kliq, especialmente em Triple H, e outros super heels como Ric Flair ou Roddy Piper), mas respeito o seu trabalho, admiro as suas qualidades e reconheço a sua importância fundamental para a modalidade e indústria. Depois, a verdade é que só com muita má vontade é que não distinguimos os excelentes combates e performances já proporcionados por John Cena e que não o reconhecemos como grande wrestler que é. De qualquer modo, também compreendo que vos continue a irritar o booking que atribuem a Cena, porque a mim também me aborrece. No entanto, tenho esperança que uma reciclagem do seu gimmick e personagem e um heel turn estejam cada vez mais próximos...e essa situação alterará tudo. Digo-o, porque o John já está com 37 anos, já apresenta diversas mazelas e sequelas físicas e, por outro lado, parece-me que, finalmente, a WWE está a conseguir construir alguém para o substituir (pelo menos quero acreditar que as coisas com Roman Reigns vão dar certo). Até lá não espero de John Cena grandes alterações ou transformações, muito menos ser surpreendido...mas, como já referi, apesar de não ser seu fã, continuarei a respeitar a sua entrega, a admirar as suas qualidades e a reconhecer a importância que tem para a WWE e para o próprio business. Por isso, a meu ver, não optaria pelo lema "Cena Sucks", mas também estou longe da palavra de ordem "Let's Go Cena"...na verdade, estou mais inclinado e na expectativa para um "Let's Go Bad Cena" =P


E para vocês, é "Let's Go Cena" ou "Cena Sucks"?!

Um Abraço,
Dias Ferreira



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