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Slobber Knocker #124: Piores equipas no Survivor Series


Bem-vindos a uma edição do Slobber Knocker em véspera de Survivor Series. A coisa aqueceu no último Monday Night Raw e não faltaram surpresas. Confesso, com honestidade, que já me captaram o interesse para o main event. E até acho que têm ali umas equipas jeitosas para dar um espectáculo bom, a juntar à estipulação do encontro....

Mas para quê focar-me em equipas boas quando é tão divertido olhar para o lado mau das coisas? Muitas boas equipas já passaram pelo tradicional Survivor Series e listar as melhores parece algo já bastante feito. Olhar para as piores acaba por ser sempre mais divertido. Não há qualquer numeração ou ordem, apenas uma lembrança de más ideias.

The All Americans (Lex Luger, The Undertaker, The Steiner Brothers) vs The Foreign Fanatics (Yokozuna, Ludvig Borga, Crush, Quebecer Jacques) - 1993


Começo por um que nem é assim tão ofensivo. Os alinhamentos nem sequer são maus, há talento e star power a chegar e a sobrar. Está aqui mesmo como evidência do booking de pernas para o ar que pairava sobre a companhia sobre esta conturbada primeira metade da década de 90, que revelava imensas asneiras. O primeiro ponto mais imediato talvez se considere o menor: a contínua obsessão com patriotismo e conflitos internacionais a serem resolvidos num ringue. Mas isso, lá está, anda a ser abordado actualmente outra vez, o Rusev pode muito bem ser um Yokozuna dos dias de hoje.

Quanto a isso podemos fechar os olhos e aceitar isso como o que movimentou a história e tirarmos maior partido do produto do que da matéria. Nem a execução foi tão boa porque sofreu do mesmo mal que todos os combates desta edição do Survivor Series - mudanças de alinhamento. Creio não ter havido um único combate no card deste género tradicional, que não tivesse sido alterado pela ausência ou lesão de alguém. Aqui, de forma muito interessante, foi intencional e em história. Inicialmente estaria Tatanka na equipa patriota, como bom Nativo a defender o seu território. E do outro lado estariam ambos os Quebecers e não apenas um. Mas lá decidiram lesionar cada um deles na história para os trocar por outros que não faziam lá muito sentido.

Os All Americans foram buscar o "Dead Man" Undertaker. Nem arranjavam melhor, de facto. Mas fica muito fora do panorama. Um indivíduo ligado ao paranormal, no pique da abordagem sobrenatural da sua personagem... A virar-se para o patriotismo. Justificou-o com um "os All Americans defendem aquilo em que acreditam e ele também, logo aprova e ajuda." Algo que também não soa muito a algo de Undertaker. O que valeu daqui foi o início dos conflitos com Yokozuna que dariam início à sua feud que se prolongaria até ao ano seguinte. Considere-se que essa feud foi das melhores coisas a acontecer no ano de 1993, logo há algo bom a tirar daí. Já os estrangeiros foram buscar... um Americano. Nascido no Havai, mas não importa, faz parte do território. Porquê? Porque ele tinha acabado de virar Heel. E pouco mais que isso. Já é mau, vira-se a todos até ao próprio país porque claro que sim, porque não havia de o fazer? Ele tinha sérios problemas com o Randy Savage, é claro que vai querer ajustar contas com o Lex Luger!

O combate em si não tem muitos pecados que se lhe apontem, mesmo que nunca tenha apresentado algo de extraordinário. E as equipas também não estavam mal compostas. Apenas é mais um exemplo de confusão dos escritores que metiam os pés pelas mãos a tentar fazer coisas. Saiu uma história confusa de algo tão simples como o casmurro conflito internacional que não parece abandonar o solo da WWE.

The Royal Family (Jerry Lawler, Sleazy, Queasy e Cheesy) vs Clowns R' Us (Doink the Clown, Dink the Clown, Pink e Wink) - 1994


Já se nota que é algo jeitoso. Uma data de mini Lawlers às turras com um grupo de mini Doinks. Imaginem um combate actual com uma data de Hornswoggles a defrontar uma data de El Toritos. E sem ser nada parecido com o surpreendentemente bom "Wee L C", refiro-me mesmo a Hornswoggle e El Torito em confronto no dia-a-dia televisivo sem ideias. Se já imaginaram, pronto, foi essa a ideia brilhante que os senhores tiveram para preencher o Survivor Series de 1994, que até já tinha mais ponto positivos à vista. 

Já a feud em si foram buscá-la aos confins do ano anterior. Foi o que deu origem à Face Turn de Doink the Clown, mas não mais se insistiu nela até esta altura. No SummerSlam de 1993, no qual Jerry Lawler enfrentaria Bret Hart, este finge uma lesão e manda Doink competir em seu nome. Com isto já decorrido e já depois de Lawler quase ficar sem costas e sem pernas após um Sharpshooter que Bret se recusava a largar e que lhe custou uma desqualificação, Doink vira-se ao "King" e torna-se um favorito dos fãs. O que foi uma pena, pois era como um palhaço malvado que Doink tinha o seu melhor e quando ficou apenas palhaço foi perdendo a piada progressivamente, até chegar a esta altura em que, como se vê, já não lhe restava piléria praticamente nenhuma.

Dink the Clown servia como o Hornswoggle da altura - ou El Torito, o que preferirem - e retomou a tal rivalidade com Jerry Lawler, que decidiu pagar com a mesma moeda e apresentar o "Sleazy", um anão vestido de Lawler. Já estava bonito. A coisa só piora quando a cada semana, apresentam um novo e a coisa vira comédia barata. O pânico estava instalado e confirmava-se a sua razão de ser: estavam assim constituídas duas equipas para o Survivor Series, para um combate de comédia que durou mais de um quarto de hora e no qual Doink, o estabelecido Superstar, foi o primeiro a ser eliminado. "Clean Sweep" da Royal Family, mas nada que salve o combate a não ser um sentido de humor a isto adaptável ou aquele estado de espírito - que eu tenho muitas vezes - de assistir a um evento enquanto aberto ao entretenimento sem restrições e disposto a divertir-se com o que vier. Agora imaginem isto a acontecer nos dias de hoje. Só precisam de dois anões para começar...

Team Total Divas (Natalya, The Bella Twins, Naomi, Cameron, Eva Marie e JoJo) vs Team "True Divas" (AJ Lee, Tamina Snuka, Kaitlyn, Alicia Fox, Rosa Mendes, Aksana e Summer Rae) - 2013


Avancemos uns anos e situemo-nos em algo que aconteceu há um ano e que pode, ou não, estar ainda na vossa memória. Afinal nem foi das coisas mais memoráveis. Não digo que a ideia de dividir o plantel feminino em dois grupos, através de um reality show manhoso e das suas integrante seja má. Tem por onde se pegar. Também não vou acusar as constituições das equipas porque existiam das boas e das cepas de ambos os lados. Nem sequer na ironia de que três das "True Divas" já constam no Total Divas, isso é apenas curioso. Aqui tenho mesmo que me focar no apelo e na qualidade do combate.

Ou era por serem muitas ou por não terem confiança no desempenho de todas, mas saiu daqui um desastre. Talvez achassem que as qualidades em ringue das performers eram demasiado díspares para tornar a acção equilibrada, mas acho que não necessitavam de fazer as coisas desta forma. Não houve uma Diva que não ficasse a parecer fraca e isto tendo em conta que, para muitos, já eram bastante fracas antes disso.

O combate consistiu em eliminação atrás de eliminação, para despachar as coisas mais depressa e sem necessitar da execução de algo que realmente desse para eliminar. Nunca aquelas miúdas pareceram tão sensíveis ao mais mísero ataque, ficando propícias ao pin, nem parecia que estavam preparadas para competir num PPV de alto calibre e num combate de importância. Sopravam a alguma para um olho para lhe tirar uma pestana e ela já devia ficar inconsciente. Foi isto ao longo do combate todo. E talvez expôs a lacuna: queriam metê-las todas ao barulho, encher o ringue de meninas... E nem sabiam como fazer isso render. Logo, despachem-nas todas o mais cedo possível, que temos um show para avançar. Os combates tradicionais do Survivor Series costumavam ter mais importãncia que isto.

Agora imaginem o sonho. Todas eliminadas. Restam Eva Marie e Cameron de um lado e Rosa Mendes e Aksana do outro. Preparem as listas dos combates do ano!

Team Doinks (The Bushwhackers, Men on a Mission) vs Bam Bam Bigelow, Bastion Booger, The Headshrinkers


Se eu já disse que o ano de 1993 foi assim um pouco para o desastroso, seria assim tanto de estranhar que fosse incluído mais um aqui? Sempre é bom recordar o que não é assim tão bom de recordar! O combate de comédia da noite e segunda aparição de Doink the Clown nesta contagem, esta um ano antes da já mencionada. Tinha virado Face há relativamente pouco tempo e vendia a sua nova personagem ao público a pregar partidas a midcarders Heel que não tinham muito que fazer. Isto enquanto Doink surgia em vários ecrãs, sugerindo a existência de vários Doinks. Pronto, história com pouco cabimento mas é inofensiva e passável. Não tinha assim tanta piada mas com um palhaço não há muito a fazer.

A ideia vendida para o Survivor Series era a dos Superstars atormentados pelo palhaço, sendo eles Bam Bam Bigelow, Bastion Booger e os Headshrinkers de Samu e Fatu, vingarem-se contra quatro Doinks. Deu-se a asneira quando chega ao combate e nenhum dos Doinks é o Doink. Os Bushwackers e os Men on a Mission de Mo e Mabel com pinturas de palhaço, a representar Doink the Clown. Constrói-se uma história com pouco propósito e insere-se ao barulho uns gajos que nem entravam na brincadeira. Os Bushwackers nem sequer eram vistos a fazer algo importante há muito tempo. A cereja encima do bolo? Os cântico de "We want Doink" que mostram que até uma plateia que aturava a WWF em 1993 estava decepcionada com aquela decisão.

Má receita já aí. Do produto também pouco se aproveitou. Sendo pouco mais que o chouriço para encher do card, foi o combate de comédia com pouca piada e um clean sweep de uns tipos que nem se sabia que iam estar ali. Para verem aos pontos a que aquilo chegou a dar, o Fatu foi eliminado com a ajuda de uma casca de banana! Estávamos num desses combates. E ganharam os Doinks onde não havia Doink.

Um combate paupérrimo com uma construção estabalhoada e com um alinhamento que não correspondeu ao que se esperava nem ao que os fãs queriam. Ou esperavam só, se calhar até nem queriam tanto disto. Até se diria que não traria quaisquer efeitos futuros mas a animosidade entre Doink e Bam Bam Bigelow chegou até à Wrestlemania X!

The Truth Comission (The Jackyl, The Interrogator, Sniper e Recon) vs The Disciples of Apocalypse (Crush, Chainz, 8-Ball e Skull) - 1997


Vá, levante a mão quem se lembra desta gente toda. Pronto, com o Crush à parte, esse até já aqui constou mas mesmo assim ainda é suficientemente reconhecido hoje em dia. Então fora isso, olhemos às duas equipas que consistiam em factions estabelecidas e que tinham gimmicks. Os Truth Comission consistia num grupo militar separatista branco da África do Sul. Apontem essa. Os Disciples of Apocalypse era um grupo de motards - e ainda nem havia o "Sons of Anarchy" na altura para fazer isso mais fixe ainda - que Crush criou após ser despedido dos Nation of Domination. Se calhar quando se apereceberam que ele era muito branco e o Owen Hart lá se ia mantendo pela calada.

Logo é a culminação de duas gimmicks de pouco sucesso - a dos bikers nem seria má ideia e se olharmos para outros casos como os Aces & Eights resultou um mínimo - e num combate de pouco interesse. A inclusão é, na maior parte, por má gimmick, caindo mais o peso nos Truth Comission. Também podia espetar aqui com os Spirit Squad, que era plausível mas tenho demasiadas ligações nostálgicas com eles. E sempre se tirou de lá o Dolph Ziggler, agora analisem lá o sucesso e memórias que existem do Interrogator. 

Creio que a inclusão se justifica a si mesma, mas o combate também nunca apresentou nada de especial. Nem é necessário vir alguém com conhecimentos passados e ricos na década de 90 para dizer que os Truth Comission e até os Disciples of Apocalypse nunca apresentaram nada de especial, em geral. Ficou um momento mediano na edição de 1997 do Survivor Series.

Mas houve mais alguma coisa memorável nesse evento? Há algo a dizer em relação à vitória de Steve Austin sobre Owen Hart com o pescoço partido ou o main event entre Shawn Michaels e Bret Hart com um final tão polémico que já tem o seu próprio nome, tão conhecido como as patacas que nem sequer me vou dar ao trabalho de o dizer? Ora bolas, os gajos já se viam à rasca para ser lembrados quanto mais quando têm a atenção roubada dessa forma!

Com certeza que existirão mais casos de pobreza em equipas do Survivor Series, mas fico-me por este punhado e pode ser que chegue. É claro que agora é tudo vosso para acrescentar mais casos que tenham em memória, de equipas que eram uma miséria, na vossa honesta opinião. Até pode ser uma equipa sólida com talento e star power mas desde que justifiquem o porquê da inclusão, vale tudo. Quanto aos casos aqui apresentados, espero que tenha sido uma leitura a gosto e que tenha sido um tema minimamente entretido. Temos um Survivor Series aí a chegar e leva boas equipas, veremos se as aproveitam bem. Até já deixo a questão:

"Acham que as equipas deste ano do Survivor Series têm calibre para se tornar das mais memoráveis?"

Quanto aqui ao Slobber Knocker, esse fará por estar de volta na próxima semana com a infame revisão ao dito evento, como já há muito me comprometi a fazer e cuja tradição ainda não falhei. Espero que fiquem bem até lá e um bom Survivor Series a todos.

Cumprimentos,
Chris JRM

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