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MMA: UFC Fight Night 62: Maia x LaFlare - Antevisão + Pesagens


O Rio de Janeiro recebe o octógono do UFC pela sexta vez, a primeira sem ser um evento numerado (pay-per-view). O UFC Fight Night 62, que insiste na fórmula de inserir lutadores brasileiros em praticamente todos os confrontos, perdeu nomes importantes como Urijah Faber, Raphael Assunção e Josh Thomson, teve seu valor enfraquecido, mas segue com algumas opções intrigantes....

Um exemplo é a luta principal. O paulista Demian Maia volta à cidade pela segunda vez com o intuito de se mostrar ainda relevante entre os meios-médios. A tarefa terá que ser cumprida contra o invicto em ascensão Ryan LaFlare.

Em situação semelhante a de Maia vem Erick Silva. Tentando provar que vale a expectativa que lhe foi depositada, o meio-médio terá pela frente o combalido, mas ainda popular, Josh Koscheck, que retorna após três semanas de sua última apresentação.

Precisando de uma atuação convincente, o vencedor do TUF Brasil 2 Leo Santos tenta manter a invencibilidade no UFC para sobreviver na selva dos pesos leves contra Tony Martin. Derrotada numa eliminatória para o título, Amanda Nunes vai atrás da amiga da rainha Shayna Baszler. O card principal abre com dois prospectos crescendo em suas categorias: o peso leve Gilbert Durinho encara o estreante Alex Cowboy, enquanto o pena Godofredo Pepey bate de frente com o Alpha Male Andre Fili.

O card completo do UFC Fight Night 62: Maia x LaFlare é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-meio-médio: Demian Maia x Ryan LaFlare
Peso-meio-médio: Erick Silva x Josh Koscheck
Peso-leve: Léo Santos x Tony Martin
Peso-galo: Amanda Nunes x Shayna Baszler
Peso-leve: Gilbert Durinho x Alex Cowboy
Peso-pena: Godofredo Pepey x Andre Fili

CARD PRELIMINAR


Peso-leve: Francisco Massaranduba x Akbarh Arreola
Peso-pena: Kevin Souza x Katsumi Kikuno
Peso-leve: Leandro Buscapé x Drew Dober
Peso-leve: Leonardo Macarrão x Cain Carrizosa
Peso-leve: Jorge Blade x Christos Giagos
Peso-mosca: Fredy Serrano x Bentley Syler

O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 20:00 horas do Brasil e 23:00 horas de Portugal 

------------------------------------------- Antevisão------------------------------------------

Peso Meio-médio: #7 Demian Maia (BRA) vs #14 Ryan LaFlare (EUA)

Três vitórias avassaladoras no início da corrida como meio-médio – um nocaute técnico sobre Dong Hyun Kim, um esgana-galo que espremeu sumo do nariz de Rick Story e uma aula de jiu-jítsu sobre Jon Fitch – colocaram Demian (19-6 no MMA, 13-6 no UFC) no radar para uma disputa de cinturão. Porém, as derrotas para Jake Shields e Rory MacDonald quebraram o hype e recuaram o paulista para um confronto contra o não-ranqueado Alexander Yakovlev, batido na final do TUF Brasil 3.

Demian é daqueles casos de lutador unidimensional que chega longe exatamente por ser bom demais no seu ponto forte. Seu jiu-jítsu é de elite, técnico por cima e por baixo e de transições tão limpas que parecem fáceis. Ele também tem facilidade para encurtar e derruba muito melhor que a maioria dos compatriotas, especialmente a partir do clinch, onde se tornou mais forte depois que baixou de categoria.

A troca de golpes em pé sempre foi seu ponto fraco, mas melhorou nos últimos anos quando Demian passou a mostrar uma movimentação mais sólida e de pressão, que lhe permite lançar o direto de esquerda com mais frequência. Falta a ele ainda a capacidade de misturar socos e chutes em combinações longas. Na última luta, porém, conseguiu o primeiro knockdown de sua carreira profissional.

Querendo ocupar o lugar de Demian na elite da divisão, LaFlare (11-0 no MMA, 4-0 no UFC) já conta com quatro triunfos no octógono, sempre com nível crescente de oposição, justificando a grande expectativa que depositavam em seu nome. Os ex-TUFs Ben Alloway, Santiago Ponzinibbio e Court McGee foram batidos com autoridade. Na apresentação mais recente, encontrou algum problema contra John Howard, mas também venceu de modo claro.

Ofensivamente, LaFlare é um lutador muito interessante, capaz de atuar bem em todos os ramos do jogo. Em pé, o ex-campeão do Ring of Combat imprime um ritmo muito forte enquanto lança socos, chutes e joelhadas, até as voadoras, contra a concorrência, guiado por um condicionamento físico privilegiado. As quedas e domínio no chão são inspirados no amigo Chris Weidman, com grande variação entre single e double-legs, quedas cinturadas, duck under e qualquer outro modo que possa arremessar o oponente ao solo. Ali, embora não seja um ás como Demian, Ryan é capaz de variar o ground and pound com passagens de guarda. Sua maior deficiência é o aspecto defensivo quando dominado no chão, o que pode ser um convite para o desastre neste sábado.

Há um caminho óbvio para o brasileiro conseguir uma vitória levando o combate para o chão em posição de vantagem, mas os 37 anos de idade contra um lutador de gás interminável e uma grave infecção no ombro, que quase o aposentou, serão problemas a serem observados.

Para LaFlare, a tática pode ser algo parecido com o que MacDonald fez nos dois rounds finais contra Demian, mantendo o combate em pé, da média para a longa distância, combinando socos em linha com chutes nas pernas e no tronco, num ritmo forte que faça o oponente cansar. Somente neste ponto, com Demian desgastado, que LaFlare poderá usar com mais segurança as quedas e o ground and pound.

O palpite aqui é vitória de LaFlare por decisão.

Peso Meio-médio: Erick Silva (BRA) vs Josh Koscheck (EUA)

Nove lutas depois de sua estreia no UFC e Erick (17-5 no MMA, 5-4 no UFC) ainda não repetiu um resultado consecutivamente, graças também a um erro de Mario Yamasaki, que transformou um nocaute sobre Carlo Prater em desclassificação por golpes na nuca que não aconteceram. Pelo menos Joe Silva parou de confrontá-lo contra as extremidades, dando um lutador acessível depois da fácil finalização sobre Mike Rhodes.

Faixa-preta de jiu-jítsu e judô na origem, Erick se transformou num kickboxer agressivo e violento, usando combinações potentes que terminam constantemente em chutes que miram a cabeça, o tronco ou as pernas dos adversários, isso em constante troca de base. O mata-cobra de direita é poderoso, mas o boxe não é tão fluido. No chão, a mesma agressividade é vista na busca incessante pela finalização. Com estes predicados, o que falta ao capixaba para dar o passo à frente na carreira?

Dois motivos basicamente explicam os problemas de Erick. O ímpeto agressivo que o marca também deixa brechas defensivas que lutadores mais calmos conseguem explorar. Além disso, seu condicionamento físico dura basicamente cinco minutos. A partir do segundo round, a produção ofensiva cai vertiginosamente, deixando-o ainda mais exposto.

O velho de guerra Koscheck (17-9 no MMA, 15-9 no UFC) realmente quer provar que ainda é capaz de honrar seu emprego na maior organização do mundo. Há três semanas, Kos retornou depois de quase um ano e meio de inatividade. Com uma atuação incrivelmente apagada, chegou a espumar pela boca no estrangulamento aplicado por Jake Ellenberger, chegando assim à quarta derrota consecutiva.

O retrospecto mostra claramente que os dias de glória do semifinalista do primeiro The Ultimate Fighter fazem parte do passado. Como a idade o deixou mais lento, o wrestling explosivo de campeão da Divisão I da NCAA ficou telegrafado. Sem conseguir colocar os adversários no chão para massacrá-los no ground and pound, sobra o boxe, que também virou um rascunho do volume de outrora. Como a última coisa que um homem perde é seu soco, sempre há a possibilidade de Josh conseguir um nocaute, mas cada vez mais essa possibilidade fica mais remota. Além da baixa produção ofensiva, o aspecto defensivo mostra a forte decadência técnica de Koscheck, que mostra dificuldade de sair das situações de perigo.

Nem sendo muito otimista para imaginar que, em apenas 21 dias, Kos chega ao Brasil em condição minimamente menos lamentável do que na derrota para Ellenberger. O lutador lento e de baixo volume é um convite para ser pego por Erick. Se Koscheck resolver trocar golpes lançando um soco ou um chute a cada dia, correrá um risco imenso de levar um cachação atrás da orelha e cair nocauteado. Se tentar uma queda na marcha lenta com que tem feito, provavelmente terá seu pescoço apertado mais uma vez. Seja como for, o condicionamento físico de Erick não deverá ser testado.

A aposta é uma vitória de Erick Silva por nocaute ou finalização no primeiro round.

Peso Leve: Leonardo Santos (BRA) vs Tony Martin (EUA)

Correndo contra o tempo, Leo (13-3-1 no MMA, 2-0-1 no UFC), 35 anos, não perde uma luta desde 2009. No UFC, venceu o TUF Brasil 2 ao finalizar William Patolino, empatou com Norman Parke quando foi beneficiado por uma dedução errada de ponto do norte-irlandês e, por último, passou pelo vencedor do TUF 8 Efrain Escudero em Brasília, num combate mais intrincado que o esperado.

Produto da Nova União, Santos conseguiu mostrar evolução em seu jogo nos últimos anos. O jiu-jítsu segue sendo o carro-forte – Leo é muito talentoso e versátil no chão, com passagens de guarda rápidas e botes precisos para encaixar finalizações, especialmente o katagatame. O wrestling ainda precisa melhorar, já que falta a Leo tempo de entrada, fazendo com que suas quedas costumem sair do clinch, outra força de seu jogo. Pelo menos a troca de golpes em pé evoluiu, ajudando muito a tarefa de encurtar a distância a partir de combos básicos, mas eficientes, de jab-direto-chute baixo ou jab-cruzado para manter o adversário longe. Porém, seus golpes não são modificadores de jogo, pois lhe falta potência para isso.

Martin (9-2 no MMA, 1-2 no UFC) chegou invicto ao maior palco do MMA mundial, mas logo viu que a vida é dura na selva dos pesos leves. O americano encarou duas pedreiras em Rashid Magomedov, quando ao menos venceu o primeiro round, e Beneil Dariush, que lhe aplicou um sonoro passeio e o finalizou no segundo assalto. A redenção veio exatamente no Rio de Janeiro, no UFC 179, quando finalizou o faixa-preta terceiro dan Fabricio Morango.

O americano de 25 anos só começou a treinar MMA em 2011, vindo da luta agarrada – é faixa-marrom do ex-UFC Brock Larson e foi campeão mundial sem quimono na faixa azul -, mas sabe se virar também em pé. Seu jogo é mais baseado em derrubar e conseguir transições no solo, o que costuma fazer com cuidado, sem muitas tentativas de submissão, mas com boa guilhotina e uma forte kimura. Na troca de golpes, é um pouco lento, cansa rápido (talvez por ser muito grande e ter que cortar muito peso), mas sabe se movimentar e lança boas combinações. Falta-lhe a malandragem para mudar os rumos de um combate e efetividade para colocar um fim neles.

Tony tem um pouco mais de habilidade para trocar golpes em pé, mas a falta de velocidade poderá ser um meio para Leo encurtar a distância, grudar e levar a luta para o chão. Ter finalizado um grappler do gabarito de Morango deu moral ao americano, mas Santos é defensivamente mais cuidadoso e provavelmente superior na troca de posições. No solo, o pupilo de André Pederneiras vai cansar o rival e abrir caminho para outro katagatame, o quarto nas últimas seis lutas oficiais.

Palpite: vitória de Leo Santos por finalização no segundo round.

Peso Galo Feminino: #9 Amanda Nunes (BRA) vs Shayna Baszler (EUA)

A baiana Amanda (9-4 no MMA, 2-1 no UFC) chegou ao UFC trazendo duas derrotas internacionais, mas ainda assim era a principal esperança brasileira de fazer um bom papel na nova categoria criada. No octógono, ela mostou toda a sua agressividade para demolir Germaine de Randamie e Sheila Gaff sem dar espaço para as adversárias respirarem. Quando foi disputar uma eliminatória para o título, começou muito bem contra Cat Zingano, mas terminou dominada e nocauteada pela última desafiante.

De origem na luta agarrada, com faixa preta de jiu-jítsu e marrom de judô, Amanda é mais um caso de brasileiro que evoluiu muito como lutador depois de deixar o país rumo aos Estados Unidos. Ela nitidamente se tornou uma lutadora de MMA mais consistente quando chegou à AMA Fight Club, de Mike Constantino e Jim Miller, e agora na Team MMA Masters, de Daniel Valverde, onde treina com o ex-desafiante dos penas Ricardo Lamas. Seu ponto forte é no clinch sufocante e violento, com duras joelhadas no tronco e dirty boxing. Em pé, a “Leoa” tenta seguir a tradição baiana de bons boxeadores e adicionou chutes baixos e médios capazes de ruir oponentes. Nunes deixou a faculdade de Educação Física para se dedicar integralmente à vida de lutadora.

O condicionamento físico é seu maior porém: as nove vitórias aconteceram por interrupções, mas apenas duas vieram depois do primeiro round. Contra Zingano, teve um primeiro assalto muito forte, mas cansou e virou presa fácil.

Primeira escolha de Ronda Rousey no TUF 18, Baszler era uma forte candidata ao título, mas acabou superada pela eventual campeã Julianna Peña na primeira luta dentro da casa. Já oficialmente no UFC, fez um lutão com Alexis Davis, mas acabou dormindo num mata-leão. Em seguida, nova atuação empolgante contra Bethe Correia, em combate de chances de lado a lado, quando foi brutalizada pelo boxe de curta distância da paraibana e nocauteada no segundo round.

O TUF tornou Baszler amiga de Ronda. Elas hoje treinam juntas na Glendale Fighting Club e fazem parte do grupinho “As Quatro Amazonas” junto com Jessamyn Duke e Marina Shafir. Porém, seu início é curioso. Ela é a única mulher americana certificada no hoje raro catch wrestling, modalidade criada na Inglaterra que utiliza quedas, encostamentos e submissões – ela treinou com Josh Barnett e com o falecido técnico Billy Robinson.

Baszler é muito forte na luta agarrada, utilizando das ferramentas mais básicas, como a chave de braço, até as mais raras, como o twister. No clinch contra a grade, ela é o oposto de Amanda: é habilidosa, executa boas quedas, mas lhe falta força física em algumas situações, como aconteceu na derrota do TUF. A troca de golpes em pé é decente, com jabs alinhados e muita disposição de trocar socos alucinadamente no centro do cage.

O disparate de força física e explosão será um diferencial enorme para este combate. Especialmente no primeiro round, Baszler deve encontrar problemas se resolver trocar no centro ou se acabar na grade – mesmo que chegue em posição de domínio, provavelmente será raspada. Se a americana sobreviver, terá suas chances aumentadas no terceiro round, mas, oito anos mais velha (34 a 26), é bem difícil que chegue lá.

Aposta: vitória de Amanda Nunes por nocaute técnico no primeiro round.

Peso Leve: Gilbert “Durinho” Burns (BRA) vs Alex “Cowboy” Oliveira (BRA)

Estreando no UFC como meio-médio, Durinho (9-0 no MMA, 2-0 no UFC) venceu o sueco Andreas Ståhl com uma exibição animadora, cheia de confiança e personalidade, sem dar chance ao europeu, dominado nos três rounds. Em seguida, veio ao Rio de Janeiro para mostrar seu nível estelar na luta de solo ao finalizar Christos Giagos e levar um dos bônus de desempenho do UFC 179.

Campeão mundial de jiu-jítsu, bi no Mundial sem quimono, treinador da arte suave na Blackzilians de Vitor Belfort, Durinho é um sujeito incrivelmente talentoso, de grande capacidade de aprendizado, uma real esperança de se juntar ao campeão Rafael dos Anjos e Edson Barboza na parte de cima de uma divisão onde os brasileiros sempre encontraram dificuldades no UFC. O tempo treinando com o ex-campeão olímpico Kenny Monday melhorou muito o wrestling do niteroiense, o que acaba tornando seu jiu-jítsu ainda mais perigoso. Durinho também evolui a passos largos na troca de golpes, desenvolvendo um boxe violento e de imenso poder de nocaute, além de bons chutes da safra do técnico Henri Hooft.

Apesar do pouco tempo de carreira, Durinho não mostra muitas falhas em seu jogo, mas é bem verdade que ainda não foi testado por concorrência de elite. Este sábado seria a hora, já que o oponente original era o ex-campeão do Strikeforce e top 10 do UFC Josh Thomson, mas uma lesão de última hora abriu caminho para uma estreia.

Invicto há dois anos, desde que foi superado por Wendell Negão, Cowboy (10-1-1 no MMA) chamou atenção do matchmaker Joe Silva com um estilo muito potente e acumulador de nocautes. Em sua última apresentação pelo circuito nacional, encarou o ex-TUF Brasil 3 Joilton Peregrino, no Face To Face 10, e venceu de modo dominante.

Natural da região serrana do Rio de Janeiro, em Três Rios, Cowboy começou tarde na carreira e por um motivo nada agradável. Aos 22 anos, na época um peão de rodeio e trabalhador na construção civil, foi visto defendendo a irmã numa briga em uma boate. Seu desempenho fez com que muita gente indicasse o caminho das artes marciais. Alex seguiu os conselhos, começou no muay thai, fez duas lutas profissionais e migrou para o MMA. Faixa azul de jiu-jítsu, pupilo de André Tadeu, Cowboy é o segundo representante da Tatá Fight Team na maior organização do MMA mundial, depois de Thiago Marreta.

Sua maior capacidade técnica é a troca de golpes no pocket, de onde lança combinações furiosas e parte bem para o dirty boxing no clinch. Outro ponto perigoso no jogo de Cowboy é o ground and pound, mas dificilmente ele terá essa chance no sábado.

Cowboy é um lutador capaz de empolgar e, se bem trabalhado, pode fazer um bom papel no UFC. Porém, a estreia de última hora o colocou numa enrascada tremenda, visto que Durinho é melhor em toda e qualquer fase do jogo. Sem preparação adequada, Alex deverá encontrar dificuldade até mesmo para dar trabalho a Gilbert em pé. Senhor das ações, o representante da Blackzilians provavelmente anotará uma interrupção no assalto inicial.

O palpite é vitória de Gilbert Durinho por nocaute ou finalização no primeiro round.

Peso Pena: Godofredo “Pepey” Castro (BRA) vs Andre Fili (EUA)

Vice-campeão do TUF Brasil 1, Pepey esteve com a corda no pescoço no UFC. Depois de perder a final do reality show para Rony Jason sem apresentar nada que prestasse, o cearense venceu Miltinho Vieira de modo duvidoso e foi duramente nocauteado por Felipe Sertanejo e Sam Sicilia, ambos no primeiro round. A redenção veio em duas atuações sólidas, que terminaram em interrupções bonificadas: um joelhaço voador mandou Noad Lahat para a vala e um triângulo lindo detonou Dashon Johnson do UFC.

Em tempos de valorizar o trabalho árduo de Rafael dos Anjos, o mesmo deve ser feito com Pepey. O homem que eles amam odiar soube receber críticas (coisa rara em atletas brasileiros de alto rendimento em qualquer esporte), perceber seus pontos fracos e trabalhar duro na evolução. Sob a tutela de André Dida, Pepey evolui a olhos vistos na troca de golpes, tornando-se não só um lutador mais agressivo como mais confiante para disparar aquela joelhada em Lahat estando com o emprego em risco. Ele hoje também é capaz de disparar chutes rodados, altos, carimbar as pernas dos oponentes, mas ainda precisa combinar um pouco melhor este aspecto com socos.

O jogo de solo ainda é o principal ativo deste faixa-preta de jiu-jítsu que conquistou todos os estaduais que disputou na arte suave, além de um campeonato brasileiro e um pan-americano. Porém, o wrestling deficiente ainda faz com que ele muitas vezes precise puxar para a guarda, o que deu certo contra Johnson, mas que vai cobrar caro mais adiante na carreira.

Talentoso representante do Team Alpha Male, Fili (14-2 no MMA, 2-1 no UFC) vem ao Rio de Janeiro pela segunda vez consecutiva. No último combate, venceu Felipe Sertanejo com autoridade. Na estreia pelo UFC, brutalizou e nocauteou o hoje demitido Jeremy Larsen. Entre as vitórias, vinha melhor contra o jovem prospecto Max Holloway, mas cometeu um erro e acabou finalizado pelo havaiano no terceiro round.

Mais alto (1,80m) e com maior alcance (1,88m) que a média de seus companheiros, Fili tem um estilo na troca de golpes em pé que lembra o do ex-técnico do time, Duane Ludwig, com movimentação lateral aprimorada e bom controle de distância, mas acrescentando um ímpeto ainda maior do que o de “Bang”. O poder de nocaute é acima da média da divisão, principalmente no gancho de direita que costuma lançar ao final de suas combinações rápidas.

A produção ofensiva de Fili é forte também na luta agarrada. O americano tem quedas explosivas, especialmente na marca registrada de sua equipe, o double-leg, e não para no chão, sempre buscando uma posição de domínio para martelar no ground and pound. Porém, muitas vezes ele acaba sendo traído pela fúria ofensiva e deixa brechas, uma delas capitalizada rapidamente por Holloway.

Este será um excelente teste para medir o status de evolução de Pepey. O brasileiro é plenamente capaz de explorar as falhas defensivas de Fili caso a luta chegue ao solo, mas terá bastante problema para lidar com o volume ofensivo do americano em pé. A vantagem na envergadura e a ótima movimentação lateral devem deixar Fili em posição confortável para controlar a distância e disparar combinações de socos e chutes para evitar os ataques do cearense. Com Pepey mais desgastado na metade final do combate, Fili poderá investir no thai clinch e na troca de força isométrica para cansar os braços do oponente.

A aposta aqui é vitória de Andre Fili por decisão.

Antevisão original de MMA-Brasil 

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Demian Maia e Ryan LaFlare fazem a luta principal do UFC Rio 6 neste sábado, mas, nesta sexta-feira, foram meros coadjuvantes de sua própria pesagem, no Maracanãzinho. Sem muita expressão com os fãs, não tinham como competir com a coletiva de imprensa estrelada que precedeu o evento, com a presença de José Aldo, Conor McGregor, Ronda Rousey e Bethe Correia. Na hora de subir ao palco para bater o peso, foram ofuscados por uma série de personagens do card preliminar e principal do torneio, que chamaram a atenção com suas roupas, cortes de cabelo e intensidade.

Bentley Siler foi o primeiro "figuraça" a subir ao palco. O peso-mosca, apelidado de "Dr. Bolívia", entrou vestindo jaleco e estetoscópio de médico. Seu adversário, seu companheiro de casa no primeiro TUF Latin America, Fredy Serrano vestiu um "macaquinho" da luta olímpica e um protetor de ouvido típico da modalidade para a encarada.

A excentricidade dos lutadores só aumentou com a progressão do card. O carioca Jorge Blade apareceu de bigodinho ralo e cabelo louro, mas com o Cristo Redentor desenhado na lateral. O americano Cain Carrizosa, adversário de Leonardo Macarrão, apresentou um moicano alto, estilo punk inglês. Na quarta luta do card, Leandro Buscapé entrou amparado pelo companheiro Tiago Alves, como se passasse mal com o corte de peso. Logo ao chegar ao palco, porém, se levantou e apontou para o público com um sorriso, sinalizando a "pegadinha".

O japonês Katsunori Kikuno tropeçou no último degrau ao subir no palco, e quase tomou um tombo. A plateia caiu na risada. Seu adversário, o baiano Kevin Souza, mostrou uma bolsa de um supermercado carioca, com um coração e o primeiro nome da cidade. Na encarada, sua diferença de altura para o "baixinho" Kikuno chamou a atenção.

Na primeira luta do card principal, o cearense Godofredo Pepey entrou no palco pilhado. Ele soltou um berro antes de subir à balança e bater 65,8kg. A encarada com Andre Fili foi a mais tensa da tarde: os dois tocaram testas e se miraram com intensidade. Dana White rapidamente se colocou entre os lutadores, que, apesar da tensão, se cumprimentaram e se abraçaram.

Estreante no Ultimate, Alex Cowboy não abandonou o chapéu de vaqueiro, e fez questão de usá-lo na encarada com Gilbert Durinho, que subiu ao palco acompanhado por Vitor Belfort. Ambos os lutadores aparentavam estar bastante abatidos pelo corte de peso. Em seguida, a americana Shayna Baszler arrancou assobios e aplausos ao se pesar de biquíni. Ela teve uma encarada de perto com a baiana Amanda Nunes.

O americano Josh Koscheck foi o lutador mais vaiado da pesagem. O "Biro Biro", como é conhecido pela semelhança com o ex-jogador de futebol do Corinthians, sorriu com a reação do público, e bateu o peso de 77,1kg com tranquilidade. Ele encarou Erick Silva, muito celebrado pela torcida, e o capixaba mostrou tranquilidade frente ao seu olhar nervoso.

A pesagem dos lutadores principais teve pouca emoção. Ryan LaFlare quase não foi vaiado ou hostilizado com o famoso grito "Uh Vai Morrer". Demian Maia recebeu aplausos tímidos. Ambos marcaram 77,6kg, limite de tolerância para lutas que não valem cinturão, e se cumprimentaram antes de fazer uma encarada fria.

CARD PRINCIPAL

Peso-meio-médio (até 77,6kg): Demian Maia (77,6kg) x Ryan LaFlare (77,6kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Erick Silva (77,6kg) x Josh Koscheck (77,1kg)
Peso-leve (até 70,7kg): Léo Santos (70,7kg) x Tony Martin (70,7kg)
Peso-galo (até 61,7kg): Amanda Nunes (61,7kg) x Shayna Baszler (61,7kg)
Peso-leve (até 70,7kg): Gilbert Durinho (69,8kg) x Alex Cowboy (70,3kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Godofredo Pepey (65,8kg) x Andre Fili (65,8kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-leve (até 70,7kg): Francisco Massaranduba (70,3kg) x Akbarh Arreola (70,7kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Kevin Souza (66,2kg) x Katsumi Kikuno (66,2kg)
Peso-leve (até 70,7kg): Leandro Buscapé (70,7kg) x Drew Dober (até 70,7kg)
Peso-leve (até 70,7kg): Leonardo Macarrão (70,3kg) x Cain Carrizosa (70,3kg)
Peso-leve (até 70,7kg): Jorge Blade (70,7kg) x Christos Giagos (70,3kg)
Peso-mosca (até 57,2kg): Fredy Serrano (56,7kg) x Bentley Syler (57,2kg)
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